Macau: Apostas desportivas em Macau são “oportunidade de ouro” desperdiçada

O especialista de jogo Muhammad Cohen defendeu que a criação de ‘lounges’ para assistir e apostar em eventos desportivos é uma “oportunidade de ouro” que está a ser desperdiçada...

O especialista de jogo Muhammad Cohen defendeu que a criação de ‘lounges’ para assistir e apostar em eventos desportivos é uma “oportunidade de ouro” que está a ser desperdiçada em Macau, onde apenas uma empresa permite estas apostas.

“O calendário desportivo tem uma grande variedade de eventos. Podíamos ter tido festas de visionamento dos Jogos Olímpicos nos casinos de Macau, se houvesse salas de qualidade, com belos ecrãs, bom ambiente, comida, bebida, onde as pessoas podem apostar, ao invés de ficarem em casa a ver os jogos sozinhas”, defendeu Muhammad Cohen.

“É uma oportunidade de ouro e toda a gente está a olhar para o lado. Se olharmos para a situação de Macau, neste momento, não há soluções milagrosas que tenhamos a certeza que vão funcionar. Isto seria uma coisa a tentar”, disse Cohen, um dos editores da revista Inside Asian Gaming e colaborador da revista Forbes, que habitualmente analisa o setor do jogo em Macau, referindo-se à queda das receitas dos casinos durante mais de dois anos, entre junho de 2014 e agosto passado.

As apostas desportivas estão, atualmente, concentradas na empresa Macau Slot, cujo contrato foi este ano renovado até 2021. Em 2015, a concessão tinha sido renovada por apenas um ano, gerando esperança de uma abertura do mercado, mas tal acabou por não se verificar.

Cohen apontou que “os números atuais da Macau Slot são minúsculos” — em 2015 a empresa teve lucros líquidos de 138,4 milhões de patacas (15,3 milhões de euros), fruto de 8.197 milhões de patacas (911 milhões de euros) em apostas — e que os espaços existentes estão “tão longe de serem os mais modernos ‘lounges’ de apostas desportivas como uma bicicleta está de um Ferrari”.

“Quem é que sabe que a Macau Slot existe, além de um número reduzido da população local? A Macau Slot podia, por si, criar espaços para assistir e apostar em eventos desportivos, mas não o fez, por isso, acho que devemos deixar os casinos fazerem isso”, defendeu o especialista.

Para Cohen, não se trata de uma questão estritamente monetária, mas de criar variedade na oferta e atrair outro tipo de público.

É o caso, disse, dos turistas indianos, grandes fãs desportivos, que vêm a Macau mas “não acham [a cidade] muito acolhedora, acham os casinos locais pouco divertidos, caros, onde toda a gente está muito séria”.

“Com um bar aberto 24 horas podem ver-se todos os jogos, a Primeira Liga Inglesa, os jogos de futebol europeus que acontecem a meio da noite, etc. Além disso, as apostas desportivas vão trazer alguma emoção à sala. Provavelmente iam ter pessoas a ver os jogos, a fazer barulho, a aplaudir, a entusiasmar-se quando algo acontece. Por vezes entramos nalguns casinos de Macau e o ambiente é um pouco fúnebre. Hoje em dia nem sequer temos o som das moedas a cair das máquinas, não parecem locais divertidos”, considerou.

Para o especialista, os casinos seriam as estruturas ideais para acolher estes ‘lounges’, até porque, lembrou, os novos projetos foram construídos para acolher largas centenas de mesas de jogo mas, devido ao limite imposto pelo Governo, terão de funcionar com menos.

“O Governo tem uma mentalidade pequena e nunca soube bem o que fazer com as apostas desportivas. Também não acho que as operadoras pensaram bem no assunto”, disse, especulando que, quando terminar este contrato da Macau Slot, dentro de cinco anos, algumas operadoras de jogo estarão em processo de renovação das suas licenças e talvez abordem o tema.

Contactada pela Lusa, a Direção de Inspeção e Coordenação de Jogos disse que “de momento, o Governo não tem qualquer plano para abrir as operações de apostas desportivas”.

“No entanto, o Governo está disposto a ouvir a opinião pública e qualquer plano que seja feito vai depender da capacidade de ajudar Macau a transformar-se num Centro Internacional de Turismo e Lazer”, disse o regulador.

Fonte: Notícias ao Minuto

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