As acções das operadoras com interesses no território fecharam o dia de ontem com quebras significativas. No entanto, há analistas que defendem que Macau pode mesmo beneficiar com as detenções dos funcionários da operadora australiana.
A detenção de 18 empregados da operadora de jogo australiana Crown Resorts na República Popular da China por suspeitas relacionadas com a promoção ilegal das actividades de jogo fez ontem afundar na bolsa de Hong Kong o valor das acções das operadoras representadas no território.
No final da sessão de ontem todas as operadoras viram os seus títulos perder valor. A Galaxy liderou as perdas, com uma quebra de 4,25 por cento para os 29,30 dólares de Hong Kong por acção, seguida pela Sands China, com um decréscimo de 3,29 por cento para os 33,86 dólares de Hong Kong, a Sociedade de Jogos de Macau, com uma quebra de 3,21 por cento para os 5,42 dólares de Hong Kong. A Wynn Macau conheceu um decréscimo de 2,71 por cento para os 11,48 dólares e MGM China contabilizou perdas de 1,67 por cento para os 12,96 dólares.
Até ao momento, o significado da operação despoletada pelas forças de segurança da China não é claro. Porém os mercados estão a reagir com cautela, uma vez que é possível que o caso não seja mais do que um prolongamento da campanha contra a corrupção e contra o jogo VIP lançada pelo Governo Central.
Contudo tanto para Grant Govertsen, da Union Gaming, como para Vitaly Umansky, analista da Bernstein Research, o caso pode acabar por ser positivo para Macau: “No extremo, e assumindo que a China vai autorizar o mercado VIP a seguir em frente, esperamos que Macau possa ser um principais beneficiados devido ao medo dos outros mercados e companhias”, escreveu o analista do banco Union Gaming.
“Pelo menos em Macau é mais fácil para o Governo Central controlar o mercado. Ao mesmo tempo, as operadoras que não são de Macau vão manter-se menos activas [no Interior da China], o que leva a que talvez, durante algum tempo, o mercado VIP beneficie de forma geral com a situação”, sublinhou Grant Govertsen.
“A acção contra a Crown Resorts não deve ser encarada como negativa para os casinos de Macau… Acreditamos que as autoridades de Macau e da China vão pressionar os junkets que pretendem levar os jogadores para os outros mercados da região”, escreveu, por seu turno, Vitaly Umansky, analista da Bernstein Research, citado pelo portal Barron’s Asia.
Esta leitura não é consensual. No entender do banco de investimento JL Warren Capital, especializado nos assuntos da China, este caso é pura e simplesmente um sinal de que Pequim não quer ver grandes quantidades de dinheiro a deixarem o país através do jogo: “A prática de alguns executivos dos casinos visitarem a China para campanhas de propaganda e para pressionarem os clientes a realizarem pagamentos em atraso é uma prática generalizada. Esta é também uma forma de facilitar que os fundos em causa possam sair do país”, pode ler-se no relatório escrito pela JL Warren Capital, citado pelo portal online Barron’s Asia.
As operadoras de casinos não estão autorizadas a promover o jogo no Interior da China. Porém aproveitam uma área “cinzenta” da lei que lhes permite promover os seus empreendimentos turísticos e a dita vertente não-jogo, através de espectáculos e restaurantes. É nestas acções que muitas vezes o jogo é promovido no Continente, sendo possível que seja esta a justificação para as detenções.
Fonte: Ponto Final