Receitas dos casinos ultrapassaram 318 milhões em 2018, mais 3,1%, mas a proliferação do online e dos jogos sociais, como a raspadinha e o Euromilhões, impede que crescimento do setor regresse aos anos dourados anteriores à crise.
Os casinos portugueses somaram, no ano passado, 318,8 milhões de euros de receitas com a exploração do jogo de fortuna e azar (slot machines e bancados), um crescimento de 3,1%, bem longe dos crescimentos registados no início do século, de acordo com a Associação Portuguesa de Casinos. Mais concorrência e o mesmo rendimento disponível travam a recuperação.
O grupo Estoril Sol, responsável pela concessão do Estoril, Lisboa e Póvoa de Varzim, mantém o comando destacado em 2018, com uma faturação proveniente do jogo da ordem de 196,8 milhões, mas apresenta um crescimento residual de 2,4% face a 2017. Já a Solverde, que explora as salas de Espinho, Chaves e Algarve, foi a que apresentou melhor performance, gerando proveitos globais de 93,6 milhões (mais 4,8%). Todas as concessionárias viram as suas receitas aumentarem, com exceção do grupo Pestana (detém a sala do Funchal), com receitas de apenas 8,4 milhões, menos 3,1%.
Como é habitual, o setor é alavancado pela procura de slot machines. As máquinas automáticas valeram 263,9 milhões de euros nas receitas globais (mais 3,4%).
Online e sociais
“Foi um ano razoável, dentro das projeções”, afirma Manuel Violas, presidente da Solverde, para quem os casinos “já não têm muita margem” para incrementar receitas. “Há mais concorrência, mais jogos” no mercado, numa alusão quer à oferta online e aos jogos sociais, como o Euromilhões e a raspadinha. Uma subida das receitas em 2019 ao nível da inflação já será um bom resultado, considera. Ainda assim, a Solverde prepara-se para adquirir em breve mais máquinas automáticas, num volume de investimento semelhante ao do ano passado, mas que Manuel Violas se escusa a revelar.
No universo do grupo Solverde destaca-se a zona de jogo de Espinho, que gerou no ano passado receitas superiores a 50 milhões de euros, um incremento de 6,1% face a 2017. Os três casinos da zona do Algarve (Vilamoura, Praia da Rocha e Monte Gordo) foram responsáveis por proveitos de 35,5 milhões, mais 4,7%. O casino de Vilamoura foi o sol do Algarve, com um aumento de 7,8%, para 19,5 milhões de euros. Em contraposição, a sala de Chaves apresentou uma quebra de 2,7%, para 7,9 milhões.
“Há cada vez mais concorrência, pela entrada no mercado dos jogos online e de mais jogos sociais, o rendimento das pessoas não é elástico, e com estas condições é difícil recuperar os níveis de 2008″, quando os proveitos ultrapassavam 380 milhões, reconhece fonte do setor. Aliás, sublinha, “os casinos nem sequer concordam com o jogo online, mas não tiveram alternativa senão investir” nas suas próprias plataformas.
De olho nas concessões
As concessões das zonas de jogo estão a aproximar-se do fim. O grupo Estoril Sol termina o prazo de exploração da zona de jogo do Estoril a 31 de dezembro de 2020, assim como expira nessa altura a concessão da Figueira da Foz, nas mãos da Amorim Turismo. Já em 2023, é a vez de Espinho e do Algarve (Solverde), da Póvoa (Estoril Sol) e da Madeira (grupo Pestana).
O eventual lançamento de concursos públicos para novas concessões está a refrear investimentos dos atuais operadores. Para já, a Solverde mantém o seu plano de aquisição de equipamentos, mas está atenta ao que se irá passar com a concessão do Estoril, para tomar decisões futuras.
A zona de jogo do Estoril, que integra os casinos do Estoril e de Lisboa, é a que tem maior quota de mercado. A sala do Estoril gerou receitas de 64 milhões em 2018 (+0,5%) e a de Lisboa atingiu os 86,7 milhões (+3,4%). Já no casino da Póvoa de Varzim os proveitos atingiram os 45,9 milhões (+3%).
A Amorim Turismo registou um incremento de 5,9% nas receitas da Figueira da Foz, que totalizou no ano passado 15,8 milhões. O casino de Troia, explorado pela Oxy Capital, cresceu 4,9%, totalizando quatro milhões de euros de receitas.
Fonte: Diário de Notícias