No arranque, até junho de 2019, as apostas hípicas só estarão disponíveis para provas internacionais pois em Portugal não há nenhum hipódromo que cumpra as condições necessárias para integrar este sistema.
Esta foi a garantia dada ao DN por fonte oficial do departamento de Jogos da Santa Casa da Misericórdia, entidade que irá receber essas apostas na sua rede de mediadores.
A SCML detém o exclusivo no território nacional para “organizar e explorar as mencionadas apostas [hípicas mútuas]”, como explicou o Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ), a entidade a quem cabe atribuir as licenças às empresas que pretendem explorar casas de apostas online em Portugal.
As apostas em corridas de cavalos em Portugal já estiveram previstas para este ano, mas agora a SCML avança com esta nova data para cumprir o que está previsto no “Decreto-lei 68/2015, que é o regime jurídico da exploração e prática das apostas hípicas mútuas de base territorial, tendo o Estado atribuído à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, através do seu departamento de jogos, o direito de organizar e explorar as mencionadas apostas, em regime de exclusividade para todo o território nacional”, sublinhou o SRIJ.
Há espera de três hipódromos
A legislação prevê ainda que sejam concessionados três hipódromos, após concurso público, o que ainda não sucedeu.
Fonte do SRIJ adiantou ainda que o regime jurídico do jogo online – aprovado pelo Decreto-lei 66/2015 – tem previsto a exploração de apostas hípicas, mas que até ao momento ainda não foi “atribuída nenhuma licença para o efeito”.
Foram, no entanto, entregues no SRIJ “cinco pedidos de licença para exploração de apostas hípicas”.
Trocam totobola pelo placard
A futura aposta do departamento de Jogos da Santa Casa nas corridas de cavalos surge no âmbito de uma “estratégia de alargamento de novos jogos e de valorização dos já existentes”, adiantou ao DN fonte da SCML.
Num panorama em que os portugueses estão cada vez mais a apostar – no primeiro semestre deste ano foram investidos diariamente cerca de 14 milhões de euros nas várias ofertas de jogos: da SCML e online. Ou seja, cerca de 2 500 milhões no total.
De acordo com os dados fornecidos ao DN, os jogos sociais da Santa Casa estão a subir no valor das apostas exceto o Totobola e o Euromilhões. Mantendo-se a Raspadinha como o jogo preferido dos portugueses.
A quebra do Totobola – perdeu 1,2 milhões de euros em apostas quando comparado o primeiro semestre deste ano com o período homologo – é explicada o surgimento das casas de apostas online.
“No atual contexto de mercado de apostas desportivas cada vez mais concorrencial, resultante da liberalização, em 2015, do modelo de exploração das apostas à cota, temos assistido a estratégias de marketing muito agressivas por parte dos operadores, essencialmente dirigidas a um público que gosta de desporto, e predominantemente de futebol, ou seja, o grupo alvo do Totobola. Associado ao facto deste ser um jogo de apostas desportivas ‘mútuas’, estes poderão ser os fatores que, eventualmente, contribuíram para um decréscimo significativo das receitas do Totobola em 2018”, adiantou ao DN fonte oficial da SCML.
Numa análise à quebra do Totobola e à subida do Placard – o primeiro caiu de 4 milhões de euros apostados no primeiro semestre de 2017 para 2,8 no período homologo e o segundo passou de 256,7 milhões para 268,1 milhões – a SCML reconhece existir uma transferência de apostadores.
“O target de ambos os jogos é composto, predominantemente, por homens que gostam de desporto, existindo, naturalmente, um efeito de ‘canibalismo’ no Totobola, com alguma migração dos seus apostadores para o Placard”.
Fonte: Diário de Notícias