MP pede que clube seja impedido de jogar na I e II ligas e que fique proibido de receber subsídios.
A manipulação dos resultados desportivos tem como alvo a II Liga, precisamente porque os jogos têm menor exposição mediática. Quem o diz é o Ministério Público, no processo Jogo Duplo, em que acusa 28 arguidos dos crimes de associação criminosa em competição desportiva, corrupção ativa e passiva em competição desportiva e apostas desportivas fraudulentas. Muitos dos casos em investigação foram denunciados pela própria UEFA, que detetou um número anormal de apostas em determinados jogos. Havia ‘odds’ demasiado altas para situações também demasiado específicas: como resultados exatos ou a quantidade de penáltis marcados.
A investigação da PJ diz que o mundo da II Liga movimenta cinco milhões anuais em apostas, o que revela uma procura em massa de apostas para aqueles encontros.
A acusação, agora deduzida, dá ainda conta de que a rede era liderada por chineses que tinham em Portugal contactos privilegiados. No topo da hierarquia estavam três elementos dos Super Dragões – um deles é ‘Aranha’, ex-número dois da claque -, que contavam depois com tentáculos nos clubes. Há jogadores, dirigentes, treinadores e até um diretor técnico acusados.
De entre os arguidos, que representavam diversos clubes – entre eles o Oliveirense e o Académico de Viseu -, destaca-se o Leixões, que hoje discute a manutenção na II Liga. Nesse caso, por estar em causa o presidente da SAD e o diretor técnico, o Ministério Público constituiu arguida a própria SAD e pediu que ficasse impedida de competir na I e II ligas durante três anos.
Pede o MP que fique o clube inibido de receber apoios estatais e autárquicos no mesmo período de tempo. A acusação requer ainda que todas as quantias envolvidas – o dinheiro pago aos jogadores e as quantias ganhas nas apostas – revertam para o Estado.
PORMENORES
Escutas fundamentais
A acusação tem 150 páginas e revela diversas escutas que foram fundamentais para a acusação agora deduzida.
Guardam mensagens
Falavam por WhatsApp para não serem apanhados, mas não apagaram as conversas. A PJ apreendeu os telemóveis e copiou as mensagens.
Facebook nas provas
Outra das formas de contacto entre os arguidos era o Facebook. Mais uma vez, não apagaram as mensagens que ficaram nos computadores entretanto apreendidos.
Fonte: Correio da Manhã