Os 11 casinos portugueses somaram receitas de 75,8 milhões de euros nos primeiros três meses do ano. Mas o crescimento ainda não compensa “anos de perdas” devido ao jogo online.
Os casinos portugueses estão a beneficiar da confiança da economia e do crescimento do turismo no país. A atividade do jogo nas 11 salas nacionais gerou, no primeiro trimestre do ano, receitas de 75,8 milhões de euros, um aumento de 5,7% face ao período homólogo de 2017. O Casino Lisboa mantém-se a estrela do setor, mas parece não estar a capitalizar esta conjuntura.
“Há uma maior confiança na economia, o rendimento disponível dos portugueses aumentou e também o crédito ao consumo”, afirma ao DN/Dinheiro Vivo Mário Assis Ferreira, vice-presidente do Grupo Estoril-Sol, o maior do setor, para justificar o crescimento. A somar a estes fatores, acrescenta, “o número de turistas cresceu significativamente”.
Ainda assim, frisa Assis Ferreira, “estes resultados não compensam os anos de perdas consecutivas de receitas” devido à concorrência ilegal do jogo online. Manuel Violas, presidente do Grupo Solverde, aponta também o momento favorável da economia e o incremento de turistas como motores para o crescimento do negócio.
O Casino Lisboa registou um volume de receitas com o jogo de 21 milhões de euros nos três primeiros meses do ano, assegurando uma quota de mercado de 27,8%, segundo dados fornecidos pela Associação Portuguesa de Casinos. No entanto, quando comparado com o trimestre homólogo, o negócio do jogo cresceu apenas 1,87%. Dentro do universo do Grupo Estoril-Sol, responsável pelas concessões de Lisboa, Estoril e Póvoa de Varzim, destaca-se um melhor desempenho do Casino da Póvoa, que, entre janeiro e março, gerou receitas de 11,5 milhões, mais 6,5%. O Casino Estoril, o maior da Europa, atingiu os 15,7 milhões, um aumento de 6,1%.
O universo Estoril-Sol gerou, assim, receitas de 48,3 milhões no primeiro trimestre do ano, um aumento de 4,3%. Já o Grupo Solverde contabilizou proventos de 20,9 milhões no período em análise, um crescimento de 10,5%. Segundo Manuel Violas, que explora os casinos de Algarve, Espinho e Chaves, “os investimentos constantes na renovação de equipamentos”, no sentido de atualizar a oferta de jogos, e a “aposta nos espetáculos e na promoção” estão a repercutir-se na melhoria dos resultados.
Algarve em alta
Os três casinos do Algarve (Vilamoura, Praia da Rocha e Monte Gordo) registaram um crescimento de 13,8%, para 7,1 milhões. Este incremento foi impulsionado pelo efeito Páscoa, altura do ano em que o Algarve recebe muitos turistas. Aliás, e de acordo com os dados da APC, as três salas evidenciaram uma boa prestação em março quando comparado com o mês homólogo, com crescimentos de 15,2% em Vilamoura, 15% na Praia da Rocha e 24% em Monte Gordo.
Em Espinho, a subida de 10,3% nas receitas dos primeiros três meses traduziu-se em 12 milhões de euros. Já o Casino Chaves apresentou uma variação negativa, embora marginal, de 0,39%, para 1,8 milhões. Manuel Violas justifica esta quebra com a má performance no mês de março, quando as receitas caíram 8%.
Uma forte queda registou o Casino Troia, detido pelo fundo de capital de risco Oxy Capital. Esta sala foi a que apresentou o pior desempenho do setor no trimestre, com receitas de 763 mil euros, uma descida de 18%. O Casino da Madeira, explorado pelo Grupo Pestana, também apresentou uma descida, embora residual (-0,30%), totalizando dois milhões de euros com a atividade do jogo. Já o Casino Figueira da Foz, da Amorim Turismo, gerou proventos de 3,6 milhões, um crescimento de 7,6%.
Online sem impacto
Os grupos Estoril-Sol, Solverde e Amorim Turismo não deixaram de aproveitar a oportunidade de explorar plataformas de jogo online, após a regulamentação desta atividade. No entanto, o negócio está ainda no início e tem pouco impacto ao nível das receitas. Mário Assis Ferreira estima que o Grupo Estoril-Sol responda por uma quota de mercado de 50% nos jogos de casino pela internet. Contudo, diz, “os casinos online que existem em Portugal continuam a ser bombardeados por sites clandestinos”. E revela: “Em Portugal, 66% das apostas são em sites clandestinos e só 34% em legais.”
Fonte: Diário de Notícias