Portugal: “Há algum preconceito em relação ao investimento chinês”

Tem 73 anos, sentido de humor e muita energia. Características do presidente não executivo da Estoril Sol, profundo conhecedor de investidores chineses em Portugal, entendido em negócios do jogo...

Tem 73 anos, sentido de humor e muita energia. Características do presidente não executivo da Estoril Sol, profundo conhecedor de investidores chineses em Portugal, entendido em negócios do jogo e em realidade macaense e que faz um balanço da atividade dos casinos no último ano e antevê o futuro da relação económica Portugal-China.

Que balanço de 2017 já pode fazer do negócio do jogo?

Em 2017 verificou-se, em termos nacionais, um crescimento de 3,4% nos jogos bancados e de 4,7% nas slot‑machines, o que corresponde a um crescimento médio de receitas de 4,5% nos casinos nacionais. É pouco? É suficiente? É pouco, muito pouco, se ponderarmos que nos 8 anos de profunda depressão que mediaram entre 2008 e 2015, os casinos portugueses sofreram uma queda de receitas superior a 30%. E é insuficiente se considerarmos que, nos maiores casinos portugueses, os prazos das respectivas concessões terminam em 2020 ou em 2023, o que, com estes índices de crescimento, torna completamente inviável a recuperação dos níveis de receita vigentes até 2008.

O que significa que, sobretudo no caso das concessões da Estoril-Sol, no Casino Estoril e Lisboa, e no Casino da Figueira da Foz, que terminam em 31 de Dezembro de 2020, já será impossível recuperar a abissal perda de receitas sofridas nesses 8 anos de quedas contínuas.

Todavia, as medidas de austeridade e reorganização funcional que fomos obrigados a adoptar nos Casinos da Estoril-Sol durante esses fatídicos 8 anos, não apenas se mantém como até se reforçaram, razão pela qual os modestos crescimentos de receitas verificado nos últimos 3 anos, nos permitiram apresentar resultados líquidos sustentadamente positivos.

O que, apesar das dificuldades de contexto, não deixa de ser encorajador!

No primeiro semestre de 2017 o lucro da Estoril Sol foi 9,79 milhões de euros, uma subida de 283%. O fecho do ano manteve esta linha de crescimento?

Pelas razões que lhe expus, a subida mantém-se nessa linha e devemos fechar o ano com um lucro de, aproximadamente, 20 milhões de euros.

Está de acordo com o que tinha projetado ou fica aquém?

Fica sensivelmente em linha com as nossas projecções, até porque nesse resultado, e face à proximidade do termo da concessão, tivemos uma significativa redução no peso das amortizações e foi adoptada pela Comissão Executiva uma política de drástica redução do nosso passivo financeiro, o que conduziu a uma significativa diminuição da rubrica de custos financeiros.Por outro lado, não foi despiciendo que, a somar às receitas dos nossos casinos físicos, tivéssemos as receitas geradas pela “ESC Online”, a empresa subsidiária que criámos – e fomos pioneiros – na sequência da legalização do jogo online em Portugal.

Em termos de contenção de custos, que reestruturação é que a empresa foi obrigada a fazer para fazer face aos desafios?

Foram 8 anos em que enfrentámos um dramático exercício de sobrevivência. Tivemos que encarar uma penosa mas infelizmente imprescindível redução de recursos humanos – quase 200 colaboradores –, foram suprimidos alguns sectores de actividade, tal como a brigada de serviço de restauração no Salão Preto e Prata, foram criadas Direcções e núcleos operacionais transversais aos dois Casinos – o do Estoril e o de Lisboa −, foram contidos, até ao limite de 3%, fixado na legislação do jogo, os custos de entertainment, cultura, e programação de espectáculos, tivemos, enfim, que reformular conceptualmente algumas vertentes da nossa estratégia vocacional de molde a poder preservar a imagem de prestígio que é timbre dos Casinos da Estoril-Sol, imagem essa que julgo termos conseguido sustentar junto à opinião pública, designadamente com a manutenção dos nossos Prémios Literários e Culturais e a continuidade da publicação da “Egoísta”, uma revista de culto de qualidade nacional e internacionalmente reconhecida.

Tudo isto com a agravante de, sobre as nossas cabeças, pairar a “espada de Dâmocles”: refiro-me, concretamente, a essa absurda exigência que fomos forçados a aceitar nos nossos contratos de concessão e que é a “contrapartida mínima obrigatória”…

Trata-se de uma medida que, independentemente da queda abrupta de receitas, obriga as Concessionárias e, neste caso, o Grupo Estoril-Sol, a pagar em contrapartidas tributárias, para além das 50% sobre as receitas brutas, um acréscimo de contrapartida sobre as receitas que não teve e que é tanto mais pesada quanto maior for essa mesma quebra.

Estamos, pois, face a uma medida absurda, diria mesmo inconstitucional, que tributa, qual penalidade, uma receita que não existe enquanto matéria colectável. Ou seja, quando maior for a queda de receitas e maior o prejuízo, maior será, também, a respectiva tributação!

Trata-se de matéria que, quer através da Associação Portuguesa de Casinos, quer da própria Estoril-Sol, tem sido objecto de sucessivas exposições e tentativas de solução junto a sucessivos Governos mas, até à data, sem êxito.

E o certo é que um dos Casinos do Grupo Estoril-Sol, o Casino da Póvoa, continua a pagar desde há vários anos extorsivas “contrapartidas mínimas”, sobre receitas que não tem, mas que lei pressupõe que deveria ter…

Tem esperança de que possa ser resolvido antes do concurso público?

É essa a minha esperança, face à atitude construtiva que encontrámos junto à actual Secretária de Estado do Turismo.

O problema não se coloca no âmbito do Casino Estoril e Casino Lisboa, cujas receitas agregadas os colocam acima do limiar da incidência de “contrapartida mínima”.Mas coloca-se em relação ao nosso Casino da Póvoa, cuja concessão vigora até 31 de Dezembro de 2023 e que, até à data, já pagou ao Estado dezenas de milhões de Euros a título de “contrapartida mínima”, tudo indicando que, a não ser alterada a situação, durante os próximos 6 remanescentes anos de concessão continuaria a ser onerado por essa injusta penalização.

Daí, a minha profunda convicção de que este Governo não deixará de estar atento a tão insólita situação e saberá encontrar a solução adequada para lhe pôr termo.

Nas concessões que terminarão em 2020, a Estoril Sol será candidata novamente?

A nossa profunda determinação é essa, a de sermos candidatos à nova concessão. E penso que o currículo que decorre do nosso percurso ao longo dos 30 anos em que somos concessionários, bem demonstra e justifica o mérito de vir a ganhar esse próximo concurso público e continuar a servir − digo isto sem presunção – interesses públicos que vão muito para além da mera actividade do jogo, pois que se inserem no campo social e cultural e numa missão cívica que tem sido componente dominante na nossa política empresarial. A Cultura representa e sempre representou, para nós, um objectivo que convictamente perseguimos e que mitiga a presunção da potencial nocividade social do jogo. Não sei se outra concessionária que, por mera hipótese, pudesse vir a ganhar a concessão, teria sobre os casinos em Portugal a mesma concepção estratégica, pelo que não me surpreenderia que se retrocedesse à fase anterior à gestão da Estoril-Sol, em que os casinos portugueses eram meras “salas de jogos com serviços anexos”, sem outro objectivo que não fosse o lucro decorrente do jogo.

Não foi por acaso, mas por convicta estratégia, que os três Casinos do Grupo Estoril-Sol, foram totalmente reconstruídos ou construídos de raiz – como é o caso do Casino Lisboa – de molde a assegurar que apenas um terço da área pública ficasse afecta ao jogo, assegurando que os dois terços remanescentes fossem dedicados a salas de espectáculos, galerias de arte, lounges, múltiplas vertentes de restauração e manifestações culturais.

Tudo isto, obedecendo a uma filosofia de abertura, transparência e continuidade de espaços em que uma atmosfera lúdica se intercomunica a todas essas áreas, caracterizando uma concepção de casino multidisciplinar, qual “shopping center de lazer”.

E não deixámos por mãos alheias aquilo que a Lei do Jogo não nos exigia, mas que a nossa consciência de serviço cívico nos impunha.

Assim se explica que, para além do sistemático apoio a obras de solidariedade social, tenhamos dado à Cultura uma ênfase ímpar, aliás, bem retratado no nosso “Prémio Literário Fernando Namora”, no “Prémio Literário Agustina Bessa‑Luís” e no “Prémio de Cidadania Cultural Vasco Graça Moura.

Para além, obviamente, dessa revista de culto, a Egoísta, que completa este ano 18 anos de contínua edição e que, tendo ganho 81 grandes prémios nacionais e internacionais, − mais do que as suas 62 edições −, se constitui numa referência cultural única em Portugal e no estrangeiro.

Daí, a minha convicção de que qualquer outro concessionário que, por hipótese, viesse a suceder à Estoril-Sol a partir de 2021, jamais teria a sensibilidade e visão para prosseguir, com mínimo empenho, a missão sociocultural que a Estoril-Sol convictamente assumiu.

Encara o futuro do jogo como um financiador da arte. Como é que considera que canalizar de receitas do jogo para a arte, cultura e turismo até pode vir a ter impacto naquilo no posicionamento e reputação do país?

A primeira das questões que suscita já está implícita na minha anterior resposta: os casinos podem e devem ser decisivos investidores na Arte e na Cultura! A segunda questão é a sequência dessa resposta: desde que norteados por essa função artística e cultural, os casinos convertem-se em prestigiadas “montras turísticas”, tal como se comprova, por exemplo, com o Casino Estoril e o Casino Lisboa, considerados como um “case study” europeu e que, conforme as estatísticas divulgadas pela ATL, constituem pólos de visita obrigatória para os turistas que, visitando Lisboa, nela permanecem mais que 2 ou 3 dias.

E a terceira questão tem, como resposta, a evidência dos números: o Turismo bateu, em 2017, todos os recordes e, até Novembro, as receitas por ele geradas, cresceram 19,4%, bem como foram extremamente significativos os acréscimos de ocupação e receitas da generalidade de todos os sectores turísticos.O sector dos Casinos foi o “enteado pobre”, com um crescimento de, apenas, 4,5%, o menor de todos os sectores da Actividade Turística.

O que é tanto mais injusto – e paradoxal – quanto é certo que são as pesadíssimas tributações dos casinos que concorrem com cerca de 60 a 70% para o financiamento global do Turismo nacional!

Tal só é possível face às múltiplas frentes concorrenciais que esvaziam, de facto, o direito à exclusividade de jogos de fortuna ou azar que nos foi conferida pelo Estado nos contratos de concessão: o jogo online, − que, na sua maioria, continua a ser explorado por vias ilegais −, os múltiplos casinos clandestinos – que continuam a proliferar − e o monopólio dos chamados “jogos sociais” pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa que vão progressivamente extravasando o seu âmbito e, através de novas vias de exploração pela internet, acabam por chegar, 24 horas por dia, a um público indiscriminado como jogos em tudo idênticos às das “slot‑machines” dos casinos!

Como é que vê o uso do dinheiro dos Jogos Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para financiar a banca, face às notícias de que 200 milhões da SC poderão financiar o Montepio?

Não quero remar contra-a-corrente da opinião pública, mas devo confessar que, em tese, não me chocaria que uma Santa da Casa da Misericórdia aplicasse os seus excedentes disponíveis numa participação accionista em instituição bancária cujo escopo seja o da economia social.

Se assim não fosse, seria incompreensível que 14 Santas Casas da Misericórdia dos Açores tivessem adquirido uma posição accionista de 30% no Novo Banco Açoreano, sem que tal tenha suscitado qualquer reacção pública negativa.

Só que, no caso da S.C.M.L. e do Montepio, existem outros factores a considerar. Qual o valor real dessa Instituição? São os 2.000 Milhões de Euros em que está avaliada? Ou será o valor que lhe vier a ser atribuído em função da “due diligence” e da auditoria em curso para avaliar o seu real valor e a suficiência das provisões contabilizadas?

Por outro lado, na perspectiva da S.C.M.L., e admitindo que a sua participação no Montepio teria que ser, no mínimo, 10%, para lhe assegurar uma posição na administração, outras questões se colocam.

Ao que julgo, os activos da S.C.M.L. andam em torno dos 700 Milhões de Euros.

Mas, também ao que creio, existe um regulamento ou orientação interna que só lhe permite fazer um investimento que não exceda 10% da totalidade desses activos, os quais, sendo de 700 Milhões, situariam esse investimento no limite dos 70 Milhões de Euros.

O que não joga certo com um anunciado investimento de 200 Milhões de Euros, para aquisição de 10% de um banco de economia social cujo real valor ainda não está auditado!

Trata-se de uma matéria politicamente sensível, pois o Montepio é um banco de economia social, especialmente importante face ao perfil socioeconómico dos seus depositantes e clientes, apesar de, pela sua dimensão, não ter um efeito sistémico no sector bancário.

Parece claro que a iniciativa desta proposta não partiu da Provedoria da SCML e, por outro lado, que a eventual “afinação” desta eventual operação ainda está longe de respostas conclusivas.

Mas, até este momento, são bem mais as interrogações do que as convicções…

Pelo que, no actual contexto, penso ser excessivamente arriscada esta hipótese de negócio.

Aguardemos, pois, que a transparência nos ilumine!

Como é que a Estoril Sol se posiciona para responder ao desafio do digital, e ao desafio da concorrência como a Santa Casa da Misericordia de Lisboa?

Infelizmente, só nos resta uma indignada resignação, pois não creio que sejam reversíveis todas as excepcionais prorrogativas que, sobretudo nos últimos anos, têm sido concedidas pelo Estado à S.C.M.L.

E repare, que para além das mais recentes, tais como os chamados jogos sociais por via da internet, que se configuram, junto aos destinatários, como jogos de casino, existe outro problema mais antigo, que é o da concessão da Raspadinha – hoje a mais importante receita da S.C.M.L. − jogo esse que, à época da sua concessão foi considerado, por despacho da nossa Tutela, como um jogo de fortuna ou azar que deveria ficar no âmbito da exploração pelos casinos. Isto, pela simples razão de que sendo um jogo totalmente aleatório e sendo coincidente o momento da aposta e o conhecimento do seu resultado, é, inquestionavelmente, um jogo de fortuna ou azar!

E o que é que a Estoril Sol fez, para além dessas manifestações?

A Estoril Sol sempre se manifestou contra o jogo online. A partir do momento em que foi legalizado, fomos os primeiros a obter a respectiva licença de exploração porque considerámos que já havíamos feito tudo o que era possível para convencer o governo a adotar as medidas adequadas para evitar a ilegal proliferação de quase duas décadas de jogo online que já se havia instalado, de forma definitiva, em Portugal. Detemos, hoje, 54% do mercado do jogo online em jogos de fortuna ou azar, o que é uma posição confortável, embora em termos económicos signifique uma receita diminuta em relação à dos nossos casinos físicos.

E justificar-se-ia uma pergunta: afinal vocês já começaram de novo a subir em termos de receita nos casinos físicos, o que significa que o jogo online não vos faz concorrência…

O que legitimaria a nossa resposta: mas se não houvesse jogo online ou se, uma vez legalizado, ele tivesse sido eficazmente regulamentado e contido, designadamente com a proibição do sistema bancário fazer transferências oriundas das apostas em sites ilegais, seguramente o crescimento das receitas dos casinos físicos seria bem maior!

Porque, de facto, volvidas duas décadas sobre a implantação do jogo online ilegal, em Portugal, continuam sem ser adoptadas as adequadas medidas preventivas e repressivas e, sobretudo, a articulação entre as várias entidades responsáveis, para evitar a continuidade e prevalência do jogo online ilegal no nosso País.

A comprovar este facto, leia-se o mais recente Relatório da credível “R.G.A. – Remote Gaming Association” – onde claramente se evidencia que 68% dos apostadores online portugueses, continuam a apostar em sites ilegais!

É essa a real concorrência do jogo online que, para além dos sites legalizados, os casinos físicos portugueses estão a enfrentar!

Quem é que não está bem neste campo? O governo, o banco central…?

Não sou juiz deste Governo ou do Banco Central. Acredito que as omissões se repartem por todo um conjunto de entidades às quais se exigiria uma coordenação e articulação diferente da que está a ser feita. Mas uma coisa é certa: o regime legal do jogo online foi implantado em Portugal para vigorar durante 3 anos e ser sujeito a correções ao fim disse período, face aos resultados alcançados − o que ocorrerá em Maio de 2018. A minha convicção – ou, pelo menos, esperança − é que todas essas deficiências que se constatam sejam objeto de uma adequada rectificação e de uma coordenação mais eficiente e capaz de resolver estas questões.

Como é que o casino atrai novos públicos? Através de jogos online ou acha que o caminho não passa por aí?

A título de mero exemplo, seria muito importante, no futuro, que fosse autorizado o “Live Dealing”, ou seja, que os casinos tivessem dentro dos seus próprios espaços um outro “mini casino” completamente tecnológico em que, a par de toda uma parafernália de jogos e atracções electrónicas tendentes à captação de um público mais jovem, − a partir dos 18 anos – pudesse, também, permitir a exploração do jogo online no próprio espaço físico dos casinos. É minha esperança que tal possa ser legislado nas alterações ao regime do jogo online, em 2018, ou, pelo menos, no novo regime de concessões de casinos físicos que decorrerá do próximo concurso público.

Ou seja, em 2020?

Depende: tanto poderá ser no próximo mês de Maio de 2018, na decorrência das correcções a introduzir na regulação do jogo online, como a partir de 2020 e das novas concessões dos casinos físicos.

Jogar online será uma forma de chegar a essas gerações?

É, de facto, uma tendência que julgo irreversível: os casinos físicos, em Portugal, tenderão a ter um crescimento pouco mais que vegetativo e o jogo online – legal e ilegal – tenderá a crescer exponencialmente.

Até porque, a par de outras limitações, iremos agora enfrentar mais um angustiante desafio: por um lado, os constrangimentos que decorrem da nova Directiva Europeia transposta para a legislação portuguesa através do Dec. Lei 83/2017, que estabelece regras quase absurdas no âmbito de presumíveis riscos de branqueamento de capitais; por outro lado, a eminente entrada em vigor, em Maio de 2018, da nova Lei de Protecção de Dados.

Do primeiro, o Dec. Lei n.º 83/2017, decorre a obrigatoriedade de uma exaustiva identificação dos clientes das salas de jogos – slot-machines e jogos bancados−, bem como o elenco das entidades destinatárias desses dados pessoais.

O que, inevitavelmente, irá criar uma longa fase de retracção de clientes de jogo que interpretem como abusiva a colheita, pelos casinos, desses dados pessoais.

Será uma primeira, embora longa, fase, até que a habituação vá mitigando essa compreensível retracção, mas que terá forte impacto nas receitas expectáveis dos casinos físicos, pelo menos no exercício de 2018.

A esse constrangimento acresce, na generalidade dos casinos portugueses, a necessidade de significativos investimentos na alteração do seu “layout” que, de espaços contínuos e livremente intercomunicáveis, passarão a ter que ser isolados e compartimentados de molde a autonomizar as áreas dedicadas ao jogo.

Mas, para além da inutilidade dessa nova Lei de Branqueamento de Capitais, matéria que já estava mais que eficazmente regulada na anterior Lei sobre o mesmo tema, verifica-se a sua potencial conflitualidade com a nova Lei de Protecção de Dados – a vigorar a partir de Maio de 2018.

De facto, enquanto a tónica dominante da Lei de Branqueamento de Capitais é de total abertura, escrutínio e comunicação de dados pessoais de jogadores, já a Lei de Protecção de Dados opera em sentido contrário, ou seja, o de acrescida reserva na obtenção e tratamento desses mesmos dados.

Paradoxo esse que se configura como uma espécie de “quadratura do círculo” e que exigirá um empenhado esforço para a conciliação e harmonização destas duas algo antagónicas normativas.

Mas, infelizmente, o resultado final sempre se saldará em mais um factor de retracção nas receitas dos casinos físicos!

E isso não tem uma relação direta com a economia, com o PIB?

Essa relação entre o PIB e as receitas dos casinos existe, mas é indirecta. Directa é a sua relação com o crescimento da economia, o aumento do emprego, a melhoria do rendimento disponível.

E essa é uma relação que se sente mais directamente nas salas de máquinas automáticas – que representam 80% das receitas dos casinos − e onde está patente o mosaico social dos seus frequentadores, com clara prevalência da classe média, mais sensível à fenomenologia das variações económicas.

Então, no seu entender, como é que está a saúde dos casinos e os planos de expansão dos casinos em Portugal?

Gostaria de lhe dizer que, graças a Deus, está bem, obrigado… Mas, infelizmente, graças a factores bem terrenos, qualquer projecto de expansão não faria sentido, face à aproximação do termo das concessões.

E se, finalmente, respiramos alguma saúde financeira, isso deve-se às drásticas medidas de austeridade assumidas durante o período de depressão e ao modesto crescimento de receitas verificado nos últimos 3 anos.

Foi quase heróico esse esforço que nos permite fechar o exercício de 2017 com um lucro líquido em torno dos 20 milhões de Euros, lucro esse que é notável e no qual se inclui o resultado líquido do nosso jogo online, através da “ESC Online”.

E contribui em que percentagem esse jogo online, desses 20 milhões?

Nesse lucro de 20 milhões, 15% decorrem do nosso jogo online, ou seja, mais concretamente, 3,250 milhões de Euros.

E estima um grande crescimento desses 15% para o próximo ano?

Não estimamos um crescimento significativo. Não apenas porque é difícil ampliar os 54% da nossa actual quota nesse mercado, mas, também, porque em cada mês estão a abrir mais sites, designadamente os dos demais casinos portugueses. De facto, o Grupo Estoril-Sol foi o pioneiro mas, entretanto, já há pelo menos dois grupos de casinos portugueses que entraram no mercado. E, portanto, aumentou a concorrência. Neste contexto, é natural que as nossas receitas de jogo online se mantenham com uma tendência de estabilidade ou de crescimento moderado.

Claro, vamos entrar num período de estagnação, no fundo, nesse aspeto, não é?

Poderíamos dar-lhe esse nome. Mas não vamos entrar num período de estagnação: vamos entrar num período em que os casinos, sem projectos de expansão, têm que se afirmar por si próprios como agentes de exponencial qualidade, de segurança, de idoneidade, atributos que lhes conferem uma credencial de mérito e da expectável vantagem na concorrência com outros candidatos no próximo concurso público para as novas concessões.

Há sempre um número que os leitores gostam muito de ler. Tem a ver com a distribuição. A Estoril Sol distribuiu mais de 265 milhões de Euros em prémios em 2016, foi esse o valor que eu encontrei. Essa distribuição para 2017 já está estimada em algum valor, quando chegámos, agora, ao final do ano?

Bastará acrescentar a esse montante de prémios que referiu, relativo a 2016, os 4,5% correspondentes ao nosso crescimento em 2017. Como a percentagem não se altera, esse valor de prémios será o alcançado em 2017.

Ao longo da nossa conversa, e também das coisas que fui lendo de entrevistas que deu, disse por várias vezes que era preciso rever a relação entre os casinos e o governo. Que mensagem quer deixar?

Temos a sorte de, na nossa Tutela, estar uma Secretária de Estado do Turismo, por quem tenho grande respeito e admiração. E, mais do que isso, por ser uma governante que é sensível à problemática dos casinos. Se ela não tem feito mais do que conseguiu para resolver os problemas pendentes, não será pela sua falta de empenho.

Interrogo-me, aliás, por que razão, sendo o Turismo a alavanca mestre da nossa economia, da geração de emprego, bem como a principal fonte de geração de divisas em Portugal, o Turismo, − com exceção do curto mandato de um Ministro do Turismo no tempo do governo do Santana Lopes −, nunca assumiu o estatuto que lhe competia como Ministério do Turismo. O que, necessariamente, significaria um reforço de competências e acréscimo de poder de uma Actividade que é fundamental e estratégica para o crescimento económico do país.

Quer dizer que numa eventual remodelação governamental, que António Costa possa pôr em marcha, sugere que seja criado um Ministério do Turismo?

Sim, sem dúvida. E se me é permitida a ingerência opinativa, diria que a actual Secretária de Estado seria uma excelente Ministra do Turismo.

Li, numa entrevista que deu ao DN, em 2015, que desejaria uma coligação num governo PS, PSD e CDS. Ainda acha que isso poderá ser possível, tendo em conta a geringonça mais à esquerda que tem vindo a governar o país? Era um desejo que se mantém ou deixou de acreditar nessa solução?

Essa minha entrevista, publicada em 2015, não era um sonho, um desejo ou, sequer, uma profecia de que me arrependa.

Era, no contexto dessa época, um sentimento enraizado e partilhado pela maioria dos portugueses que não acreditavam na operacionalidade e longevidade de uma coligação de esquerda, baptizada de “geringonça” e semeada de tantas contradições ideológicas entre os três partidos.

Mas, volvidos mais de 2 anos, a verdade é que se constata não apenas a viabilidade mas, também a eficácia com que a denominada “geringonça” soube enfrentar e superar os desafios socioeconómicos e financeiros deste País, com especial ênfase para o rigor das contas públicas.

Tratou-se, sem dúvida, de um modelo inédito no paradigma de coligações que, em termos constitucionais, vigorava, até à data, em Portugal.

É certo que, a partir de Junho de 2017, quer pela tragédia dos incêndios, quer pelo resultado das Autárquicas, este Governo tem enfrentado vários sobressaltos.

Mas nada que ponha em causa o cumprimento, pelo Governo, do mandato até ao seu termo, em 2019.

Haverá, certamente, maior crispação social e uma tensão acrescida entre o PS e os dois partidos da coligação parlamentar, pois que, aproximando-se um período eleitoral, cada partido tenderá a reivindicar o protagonismo nas medidas com maior impacto eleitoralista.

Mas, a viabilidade e eficácia da “geringonça” é bem demonstrativa de que quaisquer previsões rapidamente se desactualizam e que este nosso mundo, em vertiginosa mutação, vai encontrando novas fórmulas políticas que respondam a imponderáveis circunstâncias.

No nosso caso, tudo dependerá dos resultados eleitorais em 2019.

Se o PS conquistar uma difícil maioria absoluta, não creio que haja coligações mas, quando muito, alguns pactos de regime.

Se essa maioria absoluta não for alcançada, tendo em consideração a nova liderança do PSD e a hiperactividade do CDS, todas as alternativas de coligação serão possíveis, desde parcialmente à esquerda, até ao centro-direita.

Voltando ao tema do jogo, e a propósito da geringonça, considera que haverá aqui algum complexo de esquerda contra os casinos? Se sim, isso poderia mudar com uma coligação mais à direita?

Até agora não o sentimos. Talvez porque os casinos portugueses têm adoptado uma postura de “low-profile”, sem significativas intervenções nos “media”. Ou talvez porque os vários concessionários ainda não tenham encontrado uma plataforma de comunhão de interesses que lhes permita estruturar uma estratégia negocial com o Governo que preserve o essencial que lhes é comum no contexto do concurso público que se aproxima.

Poderá ser essa a razão pela qual não sentimos, até à data, qualquer atitude hostil relativamente aos dois partidos da extrema-esquerda.

Mas esses partidos, tendo, embora, convicções – por vezes, obsessões – ideológicas, não deixam de ser pragmáticos e estrategicamente realistas.

O jogo existe desde a fundação da Humanidade e, se clandestino e não rigorosamente regulamentado, poderá ser um factor de grave nocividade social.

Os casinos legalizados existem, precisamente, para assegurar esse rigor, transparência e idoneidade, para além de prestarem nas suas múltiplas vertentes culturais e sociais, um relevante serviço cívico.

Tudo depende, pois, dos ângulos de visão da extrema-esquerda: se virem os casinos apenas como símbolo e reduto do capitalismo, prevalecerá uma ideologia marxista; se compreenderem os casinos como agentes do interesse público, ao serviço da cultura, da atracção turística, da geração de emprego, essa ideologia esbater-se-á; e, finalmente, se constatarem que são os casinos portugueses, através da sua pesada tributação, que financiam entre 60 e 70% de todo o orçamento dedicado ao desenvolvimento e promoção do Turismo nacional, estou convicto que o pragmatismo racional prevalecerá sobre dogmas ideológicos.

Pois é graças a esse financiamento dos casinos que o Turismo nacional representa 10% do PIB, 9% do emprego e se constitui no principal gerador de divisas para Portugal, para além de fundamental agente de coesão socioeconómico e territorial.

E, sinceramente, não creio que qualquer partido, seja de esquerda, centro ou direita, possa ser indiferente a essa fundamental relevância dos casinos portugueses!

Quando diz que os casinos contribuem 70% para o turismo, tem a ver com receitas?

Tem a ver com os pesadíssimos impostos de 50% sobre as receitas brutas − mesmo não havendo lucros e sim prejuízos − com que são tributados,20% dos quais vão para o Orçamento do Estado e 80% para o Turismo, o seu desenvolvimento, promoção e construção de obras e infra‑estruturas de interesse turístico.

Haverá um reforço de investimento nas áreas da Arte e da Cultura?

Até ao termo das actuais concessões será sempre um reforço mitigado, que procurará corrigir o que pode ser corrigido, melhorar o que pode ser melhorado, mas com contenção, como é evidente. É essa a minha convicção.

E para 2018, haverá alguma área das artes que seja a aposta da Estoril Sol? Vamos continuar com investimento na pintura, na escultura, no teatro ou já elegeu alguma área para 2018?

Nós, praticamente, elegemos todas. Em todos os segmentos da cultura, nós estamos e iremos estar presentes. Destacaria, talvez, a Egoísta que justificará uma celebração especial por alcançar a sua maioridade, com 18 anos de contínua publicação.

Vai continuar a ser aqui um chapéu de chuva muito transversal depois nas outras áreas todas, não é?

Sem dúvida. Mas o grande problema é que os timings da vida humana e da vida editorial não são coincidentes. Na vida humana, há um momento, na meia idade, em que nos interrogamos sobre aquilo que já vivemos e o que nos falta viver. No meu caso, por exemplo, a conclusão a que chego é que é muito mais o meu passado do que poderá ser o meu futuro. Numa revista, quando se chega aos 18 anos, ela só sabe que já tem um longo passado, aliás excepcional, face à tipologia dos temas que a alimentam e ao seu pendor cultural. Mas quanto ao futuro, ela só sabe, pelo menos seguramente, que durará até ao final da concessão da Estoril Sol. E se, como esperamos, ganharmos uma nova concessão, a sua longevidade ficará assegurada enquanto precioso instrumento de cultura que iremos continuar e aprofundar.

Vamos fazer aqui uma viagem ao passado, que saudade guarda dos tempos em que trabalhou com Stanley Ho? E porquê?

Todas as referências que eu possa fazer a esse homem de excepção, que é Stanley Ho, só podem ser de gratidão, amizade e admiração.

Tal não invalida quer a gratidão, quer as excelentes relações pessoais e profissionais que mantenho com a sua filha mais velha Pansy Ho, uma empresária de mérito internacional que a ele sucedeu como actual accionista maioritária do Grupo Estoril-Sol.

Mas a verdade é que foi nos 28 anos de convivência com Stanley Ho que aprendi o que sei sobre casinos e, mais que isso, aprendi a assimilar a sua visão estratégica e a admirar o seu apego a Portugal.

Na sua excepcional perspicácia, ele sabia ser completamente distinta a realidade socioeconómica e política de Portugal e de Macau e, como tal, serem exigivelmente diferenciados os modelos de casinos a operar nos respectivos espaços territoriais.

Confiou em mim e, praticamente, deu-me “carta-branca” para configurar e operacionalizar um novo conceito de casino capaz de corresponder plenamente às exigências e apetências do público português.

E assim se reconfigurou totalmente e quadruplicou em espaços o Casino Estoril.

Veio, a seguir, a aquisição do Casino da Póvoa e, em 2006, a construção e inauguração do Casino Lisboa.

Stanley Ho não interferia ou obstaculizava: aconselhava e orientava!

E, como gostava do que via, a sua palavra sempre foi de estímulo, de incentivo a novos desafios.

Agora, quando a doença o forçou a retirar-se da vida activa empresarial, continuo a admirá-lo e, quando vou a Hong Kong, sempre procuro estar com ele.

A última vez que o visitei, há mais de 1 ano, recomendaram-me que não ultrapassasse os 10 minutos para não o cansar.

A verdade é que a nossa conversa se ramificou ao longo de mais de uma hora, até que eu, por uma questão de atenção e para não o cansar, arranjei um pretexto para me despedir dele e, como ele estava com luvas que só descobriam os dedos, peguei-lhe na mão para os beijar, em sinal de respeito. Ele chamou o médico e as três enfermeiras e disse-me “não Mário, não é assim que eu me despeço de si” e diz “ponham-me de pé, que eu quero dar um abraço a este homem que fez tanto por mim e pelos meus desígnios em Portugal”. Foi profundamente comovente e devo confessar-lhe que as lágrimas me correrem pelos olhos…

No fundo ele teve também essa capacidade de ler os sinais da cultura portuguesa.

Porque ele adora Portugal.

E diga-se a propósito, agora que tanto se fala de investidores chineses em Portugal, que Stanley Ho foi o pioneiro, já lá vão 33 anos, com investimentos na “Estoril-Sol”, no “Hospital Particular”, na “Portline”, nos empreendimentos urbanísticos da “Alta de Lisboa”, e do “Complexo Imobiliário da Boavista”, no Porto.

Considera que os novos investidores macaenses e chineses, que estão em Portugal, têm tido essa capacidade de ler esses sinais, de se adaptarem, de darem, mas também receberem essa adaptação que é necessária a todos os investidores que entram em países estrangeiros?

Não tenho a certeza. Teria que os conhecer bem em termos pessoais e em termos comportamentais para poder responder-lhe a essa questão. Stanley é um homem muito especial, tinha vínculos, inclusivamente de natureza familiar, com Portugal. E portanto, a sua sensibilidade em relação ao nosso País é ímpar e dificilmente poderá ser partilhada ou igualada por outros investidores potenciais chineses em Portugal.

E como e que antevê o desenvolvimento das parcerias entre Portugal e a China, do ponto de vista económico? O que é que acha que aí vem? Um reforço dessa relação?

Bom, na relação entre Portugal/China existe uma tradição secular de boa relação e solidariedade. Acredito que os investimentos e as parcerias com investidores chineses continuem a desenvolver-se e sei que este governo é claramente favorável a essa aproximação. Todavia, sinto, por vezes, que na opinião pública, existe, inexplicavelmente, algum preconceito em relação ao investimento chinês. Algo que não tem qualquer justificação para existir. Mas continuo a acreditar que Portugal é um polo de interesse para grupos chineses.

Portanto, o investimento tenderá a continuar, não é?

Tenderá a continuar e diversificar-se-á em múltiplos sectores. A título de exemplo, um grupo chinês, a “Macau Legend Development” de David Chow, já está em fase adiantada de negociações para a implantação de um resort em Setúbal e investimentos em Tróia.

E o que é que na sua opinião atrai tanto os chineses para virem para Portugal e os retém por cá?

Bom, se estivermos a falar dos vistos Gold, obviamente que a ideia de Portugal ser uma plataforma de circulação para a União Europeia é, sem dúvida, um factor determinante. Se estivermos a falar de grandes investimentos, de natureza industrial ou de serviços, é Portugal, por si próprio, pelas condições que oferece, que se torna atractivo. Excepto, porventura, pelo factor sol, pois os chineses não são muito adeptos do bronzeamento… Mas são as condições do próprio país: a estabilidade política que Portugal oferece e a evidente recuperação económica de que dá sinais.

Acredita que este crescimento da economia portuguesa é um crescimento sustentável?

Bom, eu considero um feito notável, em termos económicos e financeiros, que Portugal, em 2017, consiga um défice de 1,2%, com um índice de crescimento em investimento de 8,8%, com uma taxa de acréscimo nas exportações de 7,7%, embora ela seja de certo modo anulada pelos 7,5% que decorrem das importações. Sendo certo, todavia, que uma grande parte dessas importações decorrem, exactamente, da necessidade de aquisição de equipamentos e de serviços e que justificam o referido crescimento no investimento. Sobre o ponto de vista económico-financeiro, considero que 2017 se salda como um êxito para este governo. Quanto à sustentabilidade desse crescimento prevê-se que essa taxa de crescimento se irá reduzir para 2% no próximo ano. Mas a verdade é que não temos folgas orçamentais suficientes para aguentar factores exógenos imponderáveis. É louvável a política de carácter social adoptada, mas ela tem representado um sistemático acréscimo da despesa do Estado. Daí decorre alguma vulnerabilidade face a uma eventual crise internacional que contrarie o normal curso dos acontecimentos. Reconheçamos que o contexto internacional nos tem sido favorável. Mas qualquer incidente de percurso nesse contexto externo poderá criar-nos sérios problemas que sempre seriam resolvidos, embora com inevitáveis sacrifícios…

Para terminar, e já que falamos de contexto internacional, considera que os investidores chineses estão a atrair os investidores americanos para Portugal?

Numa espécie de equilíbrio de forças de superpotências? Faz algum sentido, pelo menos em termos teóricos. Mas não acredito que empresas privadas americanas sejam influenciadas para investir em Portugal por razões estratégicas de geopolítica ou de equilíbrio de influência entre superpotências. Quanto aos interesses dos Estados e à postura dos EUA, aguardemos para ver o que acontece com a base militar das Lages…

Fonte: Dinheiro Vivo

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