Uma plataforma de jogo 100% portuguesa é o trunfo do Casino Portugal, a nova aposta do grupo liderado por Jorge Armindo
Foi o pontapé de saída para a Amorim Turismo dar gás ao negócio dos casinos: a Sociedade Figueira Praia, do grupo liderado por Jorge Armindo, começou a 27 de junho a explorar apostas desportivas online, na plataforma Casino Portugal, prevendo até agosto obter também uma licença para operar jogos de fortuna e azar via internet.
“É o exemplo de uma indústria tradicional, neste caso o casino da Figueira da Foz, com mais de 100 anos, a encontrar uma solução em linha com o que será o futuro da tecnologia neste ramo de negócio”, frisa Jorge Armindo, presidente da Amorim Turismo, que tem expectativas elevadas face aos resultados do jogo online e prevê que “venham a ter expressão nas contas da Sociedade Figueira Praia”. No caso da Estoril-Sol, a primeira concessionária portuguesa de casinos a entrar nesta atividade em julho do ano passado, os lucros do primeiro trimestre de 2017 mais do que duplicaram para €3,5 milhões, muito empurrados pelos resultados do casino online, que gerou lucros de €2 milhões.
Para a Amorim Turismo, a grande diferença da sua entrada neste mercado está no facto de “ser o primeiro operador de apostas online totalmente português e com uma plataforma própria desenvolvida por jovens empreendedores nacionais”, quando a prática corrente neste negócio é alugar uma plataforma externa e já certificada (a Estoril-Sol por exemplo utiliza a plataforma belga Gaming1 no seu casino online).
PROJETO REQUER CAPITAL PRÓPRIO DE €1,5 MILHÕES
“Isto é inédito, desenvolver uma plataforma própria de jogo online é algo que ninguém está a fazer”, salienta Jorge Armindo. “Tínhamos dois caminhos ao entrar neste negócio: alugar uma plataforma estrangeira, que é o que todos fazem, ou dar um banho de perfume aproveitando o trabalho desenvolvido por talento nacional, carregado de espírito de iniciativa e empreendedora.”
A casinoportugal.pt, plataforma de jogo da Amorim Turismo, começou a ser desenvolvida há três anos por iniciativa de António Laranjo e Jorge Gonçalves, hoje com 25 e 30 anos, respetivamente, numa altura em que ambos tiravam um mestrado de gestão em Inglaterra.
“Soubemos que o jogo online ia ser legalizado em Portugal e, tal como hoje se fala de uma Airbnb ou de uma Booking, também nós vimos aqui uma oportunidade de fazer algo diferente e 100% português, aproveitando a onda ligada às startups e ao empreendedorismo jovem”, conta António Laranjo. Por seu turno, Jorge Gonçalves lembra que o ambiente que então viviam era fértil neste campo. “Em Inglaterra há uma grande tradição de jogo e este mercado é muito liberalizado, em cada esquina há casas de apostas online e as pessoas estão sempre a jogar.”
A proposta avançada por Jorge Gonçalves e António Laranjo colheu logo acolhimento da Amorim Turismo, numa fase em que ainda não se sabia que rumo ia tomar a lei portuguesa relativa ao jogo online. “Corremos alguns riscos, pois a nova plataforma tinha de ser sujeita a um processo de homologação e podia não ser aprovada”, reconhece Jorge Armindo. “Mas o empreendedorismo é algo que nos diz muito e decidimos apostar forte na capacidade dos jovens em fazer coisas novas, pois acreditamos que há muito talento em Portugal.”
A plataforma de jogo da Amorim Turismo está em vias de se tornar ela própria um negócio, podendo ser revendida a terceiros e tendo flexibilidade para incorporar requisitos de jogo que variam em diferentes países. Segundo Jorge Armindo, o projeto passa por alargar o raio a países de língua portuguesa, como Angola, Moçambique e Guiné, além do Brasil, um país que “está em vias de aprovar uma lei para licenciar casinos e jogo online”.
Os planos da Amorim Turismo também passam por constituir já este ano uma sociedade que ficará detentora da plataforma e das licenças de jogo, em que Jorge Gonçalves e António Laranjo se tornarão acionistas. “Para termos rápida capacidade de resposta e entrar em mercados emergentes, a nova sociedade vai precisar de €1,5 milhões em capital próprio”, avança Armindo.
Para os jovens que estavam em Inglaterra, o casinoportugal.pt “é mais que só um projeto de jogo online, isto fez com que tivéssemos vontade de voltar a Portugal”. Consideram estar “a fazer história ao criar uma plataforma de jogo que é certificada e homologada com carimbo totalmente luso, e no fundo estamos a pôr Portugal no mapa tecnológico, dentro da vaga mundial de empreendedorismo a que se assistiu no ano passado com a Web Summit”.
RECEITAS DOS CASINOS SOBEM PARA €122 MILHÕES ATÉ MAIO
Jorge Armindo, que também preside à Associação Portuguesa de Casinos, adianta que o jogo online alargou o mercado e não veio canibalizar o negócio dos casinos tradicionais — que em Portugal tiveram de janeiro a maio um aumento de 1% nas receitas, cifradas em €121 milhões, e já em 2016 tinham subido 4%, em cima do crescimento de 8% em 2015. “Os casinos estão melhores que há três anos, mas não podemos esquecer que de 2008 a 2014 a quebra de receitas foi de 38%”, nota.
“Haverá sempre casinos físicos, mas o jogo online é uma realidade. Apesar de defendermos que este devia ser um exclusivo dos casinos, não podíamos ficar alheios ou autoexcluídos de entrar numa forma de jogo que tem uma importância crescente para o futuro”, conclui Jorge Armindo.
Fonte: Expresso