O chefe do executivo de Macau afirmou hoje que o jogo vai continuar a ser o pilar da economia do território, e previu “um novo desenvolvimento para Macau”, após três anos de quedas do Produto Interno Bruto (PIB).
“Creio que no futuro o jogo também vai ser predominante em Macau, a origem principal das nossas receitas. O Governo está a envidar todos os esforços para diversificar a nossa economia, através da cooperação regional. Esperamos que possamos atingir o objetivo e reforçar os elementos não-jogo nos setores de jogo. Mas não podemos fazer isto de um dia para o outro”, afirmou Chui Sai On.
O líder do Governo deslocou-se hoje à Assembleia Legislativa para uma das três sessões anuais em que responde às perguntas dos deputados.
As receitas dos casinos de Macau estiveram 26 meses em queda, uma tendência que se inverteu em agosto de 2016. Arrastada pelo desempenho do setor do jogo, a economia contraiu-se em 2014 (1,2%), 2015 (21,5%) e 2016 (2,1%).
No entanto, em linha com a retoma do jogo, a economia tem vindo a demonstrar sinais de recuperação. De acordo com estimativas oficiais, divulgadas no final de maio, o PIB [Produto Interno Bruto] cresceu 10,3% em termos reais no primeiro trimestre do ano.
Chui Sai On manifestou-se otimista em relação ao futuro: “Conseguimos manter as nossas despesas dentro das receitas, estou confiante de que em 2018 vamos ter boas oportunidades. Reunimos condições para ultrapassar as dificuldades. Estou confiante que depois de 2018 vamos ter boas oportunidades de um novo desenvolvimento”.
O próximo ano vai ser também de grandes trabalhos, devidos aos planos de cooperação regional relacionados com o projeto “Uma Faixa, uma Rota” e “Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”.
“Para nós é uma boa oportunidade, mas ao mesmo tempo temos de assumir uma grande quantidade de trabalho. Francamente, o volume de trabalho vai ser enorme (…) Internamente não digo que estamos com dores de cabeça mas a pressão é grande (…) Temos um mar de trabalho a enfrentar”, comentou.
Apesar das boas perspetivas económicas, Chui admitiu que há insatisfação entre a população no que toca à qualidade de vida, numa cidade em que os preços elevados da habitação constituem um dos principais motivos de queixa.
“O nível de felicidade da população não é assim tão satisfatório (…) Temos de rever para saber quais são os aspetos com que a população não está satisfeita e quais são os problemas sociais”, disse.
Ainda assim, o líder do Governo afastou a possibilidade de uma “partilha direta das receitas do jogo”, sugerida por um deputado.
“Compreendo [a importância] da partilha do fruto económico, mas temos de ter saldos. Preocupa-me que partilhar diretamente as receitas do jogo com a população possa gerar alguns problemas, quando a economia se encontra numa situação má. Claro que quando a economia corre bem podemos registar saldos de mais de 80 mil milhões de patacas (8,4 mil milhões de euros), mas o essencial é ter uma gestão prudente e não atribuir diretamente a receita bruta à população”, defendeu.
Desde 2008 que o Governo de Macau distribui anualmente cheques junto da população, independentemente dos rendimentos dos beneficiários. Este ano, essa medida custou aos cofres públicos mais de 6,08 mil milhões de patacas (676,1 milhões de euros).
Chui Sai On afastou ainda a ideia, proposta pelo deputado Ng Kuok Cheong, de implementar uma política de “Terras de Macau para gentes de Macau” nos novos aterros, atualmente em construção.
O líder do Governo explicou que um modelo para o acesso à habitação deve tentar apoiar a chamada ‘camada sanduíche’ — que não consegue comprar casa, mas também não tem rendimentos que permitam acesso a habitação pública — e o modelo proposto pelo deputado “pode conduzir as pessoas a um conceito errado, de ser meramente que as pessoas de Macau têm direito a habitação”.
Fonte: Diário de Notícias
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